Novos tratamentos ampliam opções para depressão com ansiedade
Nova opção terapêutica amplia possibilidades de tratamento com menor impacto em efeitos colaterais comuns

Sinais de depressão precisam ser observados
Tristeza persistente, falta de interesse, cansaço excessivo, sono irregular, medo intenso e preocupação constante. Essa combinação de sintomas, comum em pessoas com depressão associada à ansiedade, tem se tornado cada vez mais frequente nos consultórios. Estima-se que cerca de 85% dos pacientes com depressão também apresentem sintomas ansiosos, o que reforça a necessidade de identificar o perfil de cada indivíduo para definir o tratamento mais adequado.
De acordo com o Ministério da Previdência Social, o Brasil registrou mais de 472 mil licenças médicas por transtornos mentais em 2024, como depressão e ansiedade — um aumento expressivo na última década. Diante desse cenário, cresce também a busca por alternativas terapêuticas que ofereçam eficácia, boa tolerabilidade e menor risco de efeitos adversos.
Entre as novas opções está a vilazodona, produzida no país desde agosto de 2024, que tem se destacado no tratamento da depressão com sintomas de ansiedade. Com um mecanismo de ação diferenciado, o medicamento combina a inibição da recaptação de serotonina com o agonismo parcial dos receptores 5-HT1A, o que contribui para uma resposta antidepressiva eficaz e está associado à baixa incidência de disfunção sexual e ganho de peso.
Segundo o psiquiatra Felipe Lobo, médico consultor da Libbs e supervisor do ambulatório de transtornos de personalidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a interrupção precoce do tratamento é uma das principais causas da cronicidade da depressão. “É preciso entender que nem toda depressão é igual e colocar todos os pacientes em uma mesma linha de tratamento pode acarretar uma piora do quadro”, alerta.
Para o especialista, cada paciente deve ser avaliado de forma individualizada, considerando fatores como idade, estilo de vida, prioridades e possíveis comorbidades. “Alguns podem ter ansiedade e depressão ao mesmo tempo e isso deve ser considerado. Já outros, doença psicossomática, atrelando dor crônica com depressão, por exemplo. Sexualidade e autoestima também devem ser critérios para a melhor escolha terapêutica”, complementa Lobo.
Ao atuar diretamente na neurotransmissão serotoninérgica, a vilazodona oferece uma nova perspectiva para pacientes que enfrentam os desafios combinados da depressão e da ansiedade — ampliando as possibilidades de adesão e eficácia no tratamento, com menos impacto na qualidade de vida.